A
lógica da mudança da remuneração da poupança é a de permitir
uma redução maior na Selic (queda de juros), a taxa básica de
juros da economia. Até hoje, a poupança tem um piso – a taxa
anual de 6,17% mais a TR (uma média da remuneração dos CDBs no
início do mês). Caso a Selic ficasse abaixo de 8,5%, corria-se
o risco de uma fuga para a poupança das aplicações de renda fixa,
e nos próprios títulos do Tesouro. Assim, decidiu-se criar uma
regra para quando a Selic ficasse abaixo de 8,5%.
As
regras entrarão em vigor a partir de amanhã e valerão apenas para
novos depósitos.
MUDANÇAS
NA POUPANÇA
Situação
1 –
depósitos efetuados antes do dia 4 de maio. Continuarão sendo
remunerados pela fórmula antiga, de TR + 0,5% ao mês.
Situação
2 –
depósitos efetuados a partir de amanhã. Enquanto a Selic estiver
acima de 8,5%, remuneração antiga. Se cair abaixo de 8,5% a
remuneração será de TR mais 70% da Selic.
Situação
3 –
saques da poupança. Todo saque será feito, inicialmente, sobre o
saldo novo da poupança (aquele que se sujeitará a menor
remuneração). Assim, enquanto o saldo novo não for esgotado, o
saldo remanescente continuará sendo remunerado pela fórmula
anterior, de TR + 0,5% de juros ao mês.
Em resumo, a taxa de juros de 6,17% ao ano corresponde a 70% de uma Selic de 8,8%. Com a Selic a 8,5%, os juros de 6,17% ao ano serão substituídos por uma remuneração de 5,95% ao ano. Se mantido durante o ano todo, para cada aplicação de R$ 1.000,00 o poupador deixará de ganhar R$ 2,2 apenas. Caso a Selic caia para 7,5% ao ano, a nova fórmula fará o saldo do poupador baixar de R$ 1.061,7 para R$ 1.052,5 – um não ganho de R$ 9,2.
ENTENDA UM POUCO DE APLICAÇÃO
No
mercado financeiro, há alguns princípios básicos para as
aplicações, em torno do
trinômio segurança, rentabilidade e liquidez.
Se
uma aplicação tem liquidez (isto é, pode ser sacada em intervalos
curtos) e segurança, não precisa ter rentabilidade elevada. Se tem
rentabilidade, pode abrir mão da liquidez. Se quiser rentabilidade e
liquidez, abre-se mão da segurança.
Como
a poupança é um investimento de alta liquidez (pode ser sacada a
cada mês ou no meio do mês, perdendo apenas a remuneração
mensal), servindo de servindo de funding para financiamentos de longo
prazo, teria sido mais razoável estimular o fator liquidez. Isto é,
oferecer rentabilidade maior para aplicações de prazo mais largo.
Seguir-se-ia
a lógica financeira e se estimularia a permanência maior dos
depósitos, transformando-se, efetivamente, em uma aplicação de
longo prazo.
Aparentemente
não se quis complicar muito as novas regras para evitar não apenas
confusão na cabeça dos poupadores, mas principalmente a exploração
política das mudanças.
Apesar
de relevantes para a queda geral de juros da economia, tentativas
anteriores de mudanças nas regras esbarraram na irresponsabilidade
pública de políticos como Roberto Freire, do PPS.
Agora,
fora do período eleitoral, é possível se esperar uma transição
mais tranquila para uma economia não inflacionária.
Fonte: Conjur
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